segunda-feira, 11 de abril de 2011

A Redoma

Como poderia viver sem arranhões, sem sentir o frio que dá na barriga quando bate o medo, sem sentir a areia fugindo por entre os dedos? A redoma quebrou paulatinamente e cada caco de vidro parecia uma potente furadeira que barulhenta e feroz, dilacerava as entranhas. Quisera que o cardiologista pudesse cura-la, pudesse minimizar tamanha dor.Seria possível reconhece-la? seria possível senti-la mais intensamente? seria possível não senti-la? Não senti-la seria renegar a própria vida.

Ah! a vida, tão bela e graciosa, vida, tão cheia de vida que nem cabia no peito, nem pensava que um dia o mundo iria desabar inteiro na sua cabeça. Quão ingênua fora ao acreditar que a redoma a protegeria das conseqüências do amor. Perguntava-se insistentemente sobre as rachaduras que geraram a quebra, como resposta veio apenas o silêncio do indizível.

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