quarta-feira, 13 de abril de 2011

Quem ama fala, cala!

Estou lendo um livro fantástico que ganhei de presente de aniversário, chamado: Carta entre amigos - sobre ganhar e perder (Gabriel Chalita e Pe. Fábio de Melo). Vou compartilhar com vocês um trecho extraído deste livro:

... Vamos um pouco além. Por que ainda não aprendemos a conviver com as diferenças? Medo? Ausência de amor?

Falemos de amor na poesia leve de "Um soneto", de Guimarães de Almeida:

Ama, quieto e em silêncio. É tão medroso
o amor, que um gesto o esfria e a voz o gela.

Não. O amor não é medroso. O poeta brinca apenas com a vulnerabilidade dos sentidos ao emprestar "O eco" à vida:

Perguntei a minha vida:
- "Como achar a apetecida
felicidade absoluta?"
E um eco me disse:
- "Luta"!
Lutei. - "Como hei de a esta pena
dar a cadência serena
que suaviza, embala e encanta?"
O eco, então, me disse:
- "Canta!"
Cantei. - "Mas, como, num verso,
resumir todo o universo
que em mim vibra, esplende e clama?"
então, o eco me disse:
- "Ama!"
Amei. - "Como achar agora
a alma simples que eu pus fora
pelo prazer de buscá-la?"
O eco, então, me disse:
- "Cala!"
Calei-me. E ele, então, calou-se.
Nunca a vida foi tão doce...
Tudo é mais lindo a meu lado:
Mais lindo, porque calado.

Lutar, cantar, amar e calar... assim queria o poeta. Lutar para que os desvarios mundanos não roubem nossa sensibilidade. Cantar a canção da dor e a canção do amor. Cantar pelos que, empedernidos, já não conhecem os acordes. Cantar por aqueles que impedem a canção alheia. Cantar o silêncio dos que não têm voz ou vez. Amar como ação necessária de encontros e paisagens. Contemplamos o mundo para conhecê-lo e transformá-lo. E calar? Mas como calar diante das feridas abertas da injustiça e da destruição do nosso irmão? Calar para, como Maria, a mãe da esperança, escutar a boa-nova, a missão e então agir.

Irmão querido, não é possível agir sem antes sentir. Aqui falo da vitória do sentimento sobre a insensibilidade. Da canção da liberdade que carece de intérpretes.

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