quinta-feira, 5 de abril de 2012

Narradores de Javé é um filme brasileiro do ano de 2003, tendo como dirigente Eliane Café, que conta a história dos moradores do povoado Vale de Javé e o drama vivido pelos mesmos. Com a construção de uma represa o que acarretará o alagamento de toda o Vilarejo de Javé. E no intuito de impedir tal acontecimento, a única chance dos moradores é a de provar que a localidade possui um valor histórico culturalmente a ser preservado. Fato que leva a necessidade de registrar por escrito os fatos que só são narrados de boca a boca entre os moradores. Um fato inusitado é que a maioria dos moradores é analfabeta, e para redigir o documento contando todos os grandes acontecimentos da sua história, recorrem a um ex funcionário dos Correios da cidade. Um homem que tempos atrás foi banido por todos no vilarejo, pelo fato de evitar que o posto de correios do lugar seja fechado começa a escrever cartas para pessoas de outras cidades, contando calúnias dos habitantes da cidade, para poder assim aumentar movimento na agência, e evitar o fechamento da mesma, preservando seu emprego. O desonesto Antonio Biá é forçado pelo povo do Vale a escrever as histórias, contadas há anos pelo povoado, sobre a sua fundação, os ilustres notáveis que habitavam e fizeram a historia da cidade. Neste intuito, Biá vai aprofundando nas memórias, fantasias e lembranças do povo de Javé. Mas a divergências de uma das outras das historias acaba tornado impossível o desenvolvimento do documento, tornando assim impossível o registro oficial do mesmo. Nesta circunstância, o filme aborda temas como, a formação cultural de um povo; heranças históricas; crenças; valores; história, verdade e invenção; importância da oralidade na construção cientifica; confronto entre o progresso e as tradições do vilarejo. Pois é pelas lendas e contos, que contribuem para a formação cultural de uma população, mudando ou edificando a maneira de viver de determinadas pessoas na sua moral ou em seus hábitos, costumes e pela linguagem regionalista. Deste modo, na história da humanidade, o povo sempre viveu no boca a boca, as crenças ou histórias, eram passadas de pai para filho e para netos, revivendo as memórias do passado. Vale destacar que foram através da oralidade e posteriormente escrituras, que temos acesso história de diversas populações, culturas e heróis do passado. Sendo assim, a tradição oral junto com a escrita fortalece as relações entre os seres humanos, criando uma transferência de conhecimentos e modo de vida. Ao final do filme, o livro com a grande história de Javé não foi escrito. E a cidade acabou sendo destruída pela modernidade, com a construção da represa, e seu povo assistiu aos prantos o novo mar que se formava no sertão, destruindo o local, a memória, a cultura e os seus antepassados. Enfim, uma historia triste de um povo sem cultura perante a modernidade da escrita, mas com forças suficientes de vencer e construir uma própria e nova historia.

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